ESQUADRÕES DO BRASIL – SÃO PAULO 2005-2008
22/07/2015
Fonte : Imortais do Futebol
22/07/2015
Fonte : Imortais do Futebol
Grandes feitos: Campeão do Mundial
de Clubes da FIFA (2005), Campeão da Copa Libertadores da América (2005), Tetra
Campeão Brasileiro (2006,2007,2008) e Campeão Paulista (2005).
“Dentre os grandes, és
novamente o primeiro“
Depois de anos de dramas, títulos
perdidos, crises, escassez de ídolos e a fama de “amarelão”, enfim, o torcedor
do São Paulo pôde comemorar com juros em 2005. Com uma equipe cascuda, chata de
se enfrentar, e extremamente talentosa, o tricolor paulista papou três canecos
na temporada que fez ressurgir a imponência do clube do Morumbi no cenário
continental e mundial. O time era impecável no Morumbi, perigoso fora dele, e
transbordava eficiência na zaga e no meio de campo, com o paredão Lugano e os
“gêmeos” Mineiro e Josué. Na frente, Danilo ganhou o apelido de “Zidanilo” por
conta das atuações magistrais, principalmente na Libertadores. No ataque,
Luizão foi o senhor Liberta, e Amoroso a estrela que faltava para dar mais
alegria e velocidade à comissão de frente, que era muito bem servida pelos
laterais Júnior, pela esquerda, e o fenomenal Cicinho, pela direita. E no gol?
Oras, simplesmente Rogério Ceni, que marcou gols em profusão em 2005 e começou
a construir sua imortalidade no rol de ídolos do São Paulo. O goleiro, aliás,
foi o maior responsável pelo tricampeonato mundial no Japão, quando pegou tudo
e mais um pouco na partida contra o marrento Liverpool e, em 2006, se
transformou no maior goleiro-artilheiro de todos os tempos, superando o
paraguaio Chilavert. No mesmo ano, o tricolor teve que superar as perdas de
Lugano, Cicinho e Amoroso, além de inesperados três vice-campeonatos (Paulista,
Libertadores e Recopa), para dar a volta por cima e acabar com outro jejum,
dessa vez no Campeonato Brasileiro, que não ia para a galeria tricolor há 15
anos. O tetra nacional serviu para sacramentar o 4-3-3 tricolor. Esquema
tático? Que nada! Apenas a referência aos títulos Brasileiros, Mundiais e da
Libertadores do tricolor. É hora de relembrar as façanhas do mais cascudo São
Paulo de todos os tempos.
Tinindo
O São Paulo ganhou reforços em 2005.
Vieram os volantes Josué e Mineiro e o atacante Luizão, este mais por conta da
experiência na Copa Libertadores (competição que o matador já havia vencido, em
1998, com o Vasco). Comandado pelo técnico Emerson Leão, o tricolor disputou o
Campeonato Paulista como um laboratório para a competição continental. E que
laboratório! O time dominou o torneio, que foi disputado por 20 clubes, em
pontos corridos, e venceu seu 20º estadual com duas rodadas de antecedência. O
caneco veio após um empate sem gols com o Santos, em Mogi Mirim. A equipe foi
soberana em quase tudo: mais vitórias (14), melhor ataque (49 gols) e segunda
melhor defesa (21 gols sofridos). O título foi um ótimo aquecimento para a
menina dos olhos do time: a Libertadores.
Sem rivais na
primeira fase
O São Paulo passou fácil pelos rivais
na primeira fase da Libertadores. O time estreou contra o The Strongest, na
Bolívia. Em plena altitude, o time brasileiro até que começou vencendo, com gol
de Danilo, mas os bolivianos viraram para 3 a 1. Na segunda etapa, Luizão, aos
12´, e Grafite, aos 42´, arrancaram um heroico empate. Na partida seguinte,
goleada pra cima da Universidad de Chile:
4 a 2, com gols de Lugano, Rogério Ceni, Cicinho e Grafite. Na sequência, empate em 2 a 2 contra o Quilmes, na Argentina (gols de Diego Tardelli e Grafite) e vitória contra os argentinos, no Morumbi, por 3 a 1 (dois gols de Diego Tardelli e um de Cicinho).
4 a 2, com gols de Lugano, Rogério Ceni, Cicinho e Grafite. Na sequência, empate em 2 a 2 contra o Quilmes, na Argentina (gols de Diego Tardelli e Grafite) e vitória contra os argentinos, no Morumbi, por 3 a 1 (dois gols de Diego Tardelli e um de Cicinho).
Na quinta partida da fase de grupos, o
São Paulo viajou para o Chile sem técnico, pois Emerson Leão havia deixado o
clube para treinar um time do Japão. Milton Cruz, eterno salvador do tricolor,
comandou a equipe no empate em 1 a 1 com a Universidad (gol de Luizão). No
último jogo, contra o The Strongest, no Morumbi, o time já estava de técnico
novo: Paulo Autuori, vencedor da Libertadores de 1997, pelo Cruzeiro. O
experiente treinador havia feito sua estreia pelo Campeonato Brasileiro, na
histórica goleada de 5 a 1 sobre o Corinthians “galáctico” de Roger, Carlos
Alberto, Gustavo Nery e o técnico Daniel Passarela, que foi demitido após o
jogo. Autuori comandou a equipe na vitória fácil por 3 a 0 (gols de Edcarlos,
Luizão e Grafite). O tricolor, sem dramas, estava nas oitavas de final. E
pronto para qualquer desafio.
Freguês nas oitavas
O São Paulo teve pela frente o rival
Palmeiras logo nas oitavas de final da Libertadores de 2005. O rival trazia
receio ao tricolor, mas o retrospecto era todo favorável ao São Paulo, que
sempre se dava bem contra o Palmeiras em jogos pela Libertadores. O primeiro
jogo foi no lotado Parque Antártica. O Palmeiras tentou colocar pressão, mas
foi o São Paulo que dominou o rival. O time mostrou maturidade, eficiência e
pegada de Libertadores para vencer por 1 a 0, num golaço monumental do lateral direito
Cicinho, que fazia sua melhor temporada na carreira. O gol foi crucial para o
tricolor, que poderia jogar pelo empate na volta, no Morumbi.
Com mais de 60 mil pessoas, o São Paulo
não teve vida fácil contra o Palmeiras. O jogo foi tenso, disputado, e o
tricolor teve que se virar com um a menos (Josué foi expulso no começo do
segundo tempo) em boa parte do jogo. Até que, aos 36´, pênalti para o São
Paulo. Rogério bateu e fez o gol: 1 a 0. Nos acréscimos, Cicinho, de novo,
provou que era mesmo o carrasco alviverde e marcou o segundo gol do jogo,
garantindo a classificação do São Paulo.
Goleiro artilheiro
Nas quartas de final, o São Paulo
encarou o Tigres, do México. No primeiro jogo, no Morumbi, o time brasileiro
não tomou conhecimento dos mexicanos e goleou: 4 a 0, com dois gols de Rogério
Ceni, ambos de falta, um de Luizão e um de Souza. Rogério só não foi mais épico
na partida porque perdeu um pênalti, quando o jogo já estava 4 a 0 para o São
Paulo. Mas o gol perdido nem fez falta, pois o São Paulo perdeu por apenas 2 a
1 na volta, no México, e se garantiu pelo segundo ano seguido na semifinal da
competição. Aquela derrota foi a única do time em toda a Libertadores.
Haja coração!
O São Paulo teve pela frente
simplesmente o River Plate, da Argentina, nas semifinais da Libertadores. O
esquadrão argentino tinha feito a melhor campanha da primeira fase e contava
com um time de respeito: Lucho González, Mascherano, Farías, Gallardo e
Salas. A equipe fazia a primeira partida no Morumbi e teria que se virar
com as ausências de Cicinho (na seleção) e Edcarlos (seleção sub-20). Mineiro
foi para a lateral e Alex, ex-Santo André, foi escalado para a zaga. No
entanto, o time contava com um reforço de peso: o atacante Amoroso, contratado
às vésperas da partida para suprir a ausência de Grafite, lesionado. O River,
embora fosse letal no ataque, jogou para empatar e ficou fechadinho na primeira
etapa do jogo, conseguindo o 0 a 0. Para o segundo tempo, Paulo Autuori colocou
Souza e mudou o jogo. O meia infernizou a zaga do River e o São Paulo passou a
criar mais, porém, o gol não saia. O filme de 2004, quando o tricolor empatou
sem gols em casa e perdeu fora, para o Once Caldas, começava a rondar a cabeça
do torcedor, que ficou agonizado. Mas, aos 31´, tudo mudou. Danilo, depois de
uma bola rebatida pela zaga argentina, encheu o pé e abriu o placar para o São
Paulo, explodindo o Morumbi. O gol incendiou o time brasileiro, que sufocou o
River em seu campo de defesa. Foi então que Luizão fez uma ótima jogada pela
direita, cruzou, e o volante Lucho González botou a mão na bola: pênalti!
Rogério bateu e fez o segundo gol, aos 43´: São Paulo 2 a 0. Festa no Morumbi!
O resultado permaneceu assim até o final do jogo e o tricolor conseguiu levar
uma vantagem considerável para a partida de volta, no caldeirão do Monumental
de Núñez. A final estava muito mais próxima.
A primeira vitória na
Argentina
O São Paulo foi para a “guerra” contra
o River Plate com uma enorme vantagem de poder perder por até um gol de diferença.
Mesmo assim, o tricolor não se intimidou com o estádio Monumental e fez do
local a sua casa. Danilo, aos 11´, abriu o placar para o São Paulo. Farías, aos
35´, empatou. No segundo tempo, contra ataque fatal do São Paulo e Amoroso
marcou o primeiro dele na Libertadores, aos 13´: 2 a 1. Aos 34´, Fabão fez 3 a
1 e Salas, aos 38´, descontou, mas era tarde: São Paulo 3×2 River Plate. O
tricolor conquistava a sua primeira vitória na Argentina em competições
internacionais, enterrava o fantasma que o assombrou no ano anterior e chegava
à final da Libertadores depois de 11 anos. Era hora de lutar pelo tri.
Duelo doméstico
Em 2005, pela primeira vez na história,
a Copa Libertadores foi decidida por equipes de um mesmo país. De um lado, o
São Paulo, bicampeão e louco pelo tri inédito para o futebol brasileiro. Do
outro, o surpreendente Atlético-PR, comandado pelo experiente Antônio Lopes. As
equipes travaram uma batalha antes mesmo de os jogos começarem, nos bastidores.
O São Paulo contestou e conseguiu vetar uma arbitragem caseira nas partidas
decisivas, e árbitros estrangeiros apitaram os jogos. Outra batalha foi com
relação ao campo da primeira partida. O Atlético queria que a sua casa, a Arena
da Baixada, fosse o palco do embate. Porém, por não comportar o número mínimo
exigido pela Conmebol para um jogo final (40 mil pessoas) o estádio foi vetado.
Essa decisão provocou a ira dos dirigentes atleticanos, que foram obrigados a
levar o jogo para o gélido e distante Beira-Rio. Sem sua torcida e longe de casa,
o Atlético não conseguiu encurralar o São Paulo como pretendia e apenas empatou
em 1 a 1, com direito a gol contra de Durval a favor do tricolor. O resultado
foi ótimo para o São Paulo, que só precisava vencer em casa para ficar com o
tricampeonato da América.
Tricampeão!
Na decisão, mais de 71 mil pessoas
lotaram o Morumbi, que virou um caldeirão apoteótico. O Atlético sentiu a
pressão do estádio do São Paulo e não jogou absolutamente nada. Já o tricolor,
completo e tinindo, desfilou. Amoroso abriu o placar aos 16´do primeiro tempo.
No finalzinho da primeira etapa, o
Atlético esboçou uma reação com um pênalti a seu favor, mas Fabrício chutou na
trave. No segundo tempo, o São Paulo dominou ainda mais o adversário e fez 2 a
0 com Fabão, de cabeça, aos 7´. O zagueirão chorou de emoção. Vinte minutos
depois, foi a vez de outro jogador chorar: Luizão, autor do terceiro gol.
No final do jogo, houve tempo para
Diego Tardelli, aos 43´, dar números finais ao jogo: São Paulo 4×0 Atlético-PR.
O tricolor aplicava outra goleada em uma final de Libertadores (a exemplo de
1993, quando fez 5 a 1 na Universidad Católica) e conquistava de maneira
inquestionável sua terceira Libertadores com 9 vitórias (sete em casa), quatro
empates e uma derrota, com 34 gols marcados e 14 sofridos. De quebra, se
tornava o primeiro clube do Brasil a ser tricampeão.
O Morumbi explodiu de alegria, e
Rogério Ceni, o capitão, pôde realizar o sonho de erguer o tão cobiçado troféu.
Depois de 12 anos, o São Paulo era, de novo, o rei da América.
Treinos para o
Mundial
Com a Libertadores no Morumbi, o São
Paulo ficou de ressaca e desprezou sem dó o Campeonato Brasileiro de 2005, que
ficaria marcado pelo escândalo de manipulação de resultados, conhecido como a
“Máfia do Apito”, que teve como principal nome o árbitro Edílson Pereira de
Carvalho, que apitou, inclusive, o jogo São Paulo 3×2 Corinthians, no Morumbi,
em que Amoroso deu show e o tricolor manteve a freguesia do rival na época. O
jogo, porém, foi remarcado e houve empate em 1 a 1. Mas a torcida tricolor não
esqueceu de jeito nenhum o primeiro jogo… No mesmo Brasileiro, o São Paulo deu
um de seus mais memoráveis shows: uma goleada de 6 a 1 sobre o Flamengo, no
Rio, com gols de Edcarlos (2), Amoroso, Thiago, Mineiro e Souza. O time estava
embalado. E pronto para o Mundial.
De volta ao Japão
O São Paulo voltou ao Japão em dezembro
de 2005, mais de uma década depois de ter feito história na terra do sol
nascente, quando venceu Barcelona e Milan e abocanhou o bicampeonato mundial.
Dessa vez, o time disputava o Mundial de Clubes da FIFA, novamente organizado
pela entidade máxima do futebol depois de um hiato de cinco anos. O clube do
Morumbi era o favorito, ao lado do Liverpool, da Inglaterra, que tinha
conquistado de maneira épica a Liga dos Campeões da UEFA sobre o Milan.
Mas antes da final, era preciso passar pelas semis.
Que sufoco!
O São Paulo não teve vida fácil e suou
para vencer o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, por 3 a 2, com gols de Amoroso (2)
e Rogério Ceni. Passado o susto, era hora de se preparar para a decisão.
A final
A final
O São Paulo viu o Liverpool passear nas
semifinais ao golear por 3 a 0 o Deportivo Saprissa, da Costa Rica. Muitos
temiam que o Liverpool pudesse vencer fácil, também, o tricolor, principalmente
pelo fator Peter Crouch, o gigante que anotou dois gols na primeira partida dos reds. Porém, para a sorte dos brasileiros, o técnico Rafa Benítez não
escalou o grandalhão, o que facilitou muito as coisas para o São Paulo. Na
decisão, o Liverpool foi melhor desde o início, dando muito trabalho para a
zaga brasileira. Porém, quando o São Paulo agredia, era mais incisivo e direto.
Foi então que aos 26´do primeiro tempo, Aloísio recebeu e tocou para Mineiro, o
elemento surpresa, fazer o primeiro gol do jogo e acabar com a invencibilidade
de mais de 1000 minutos do Liverpool sem levar gols: São Paulo 1×0 Liverpool. O
pequenino Mineiro furava a gigante zaga composta por Hyypia e Carragher e
colocava o tricolor na frente. A partir dali, no entanto, começou um verdadeiro
teste para cardíacos.
O Liverpool pressionou demais, chutou
inúmeras bolas, teve inúmeros escanteios, mas não conseguia fazer gols. Quer
dizer, até fez (três!), mas o excelente bandeirinha do jogo, e o árbitro Benito
Archundia, anularam por impedimento. O São Paulo se defendia como podia e
presenciava atuações simplesmente fantásticas de Lugano, Mineiro e
principalmente do goleiro Rogério Ceni, que fechou o gol com defesas
sensacionais. O tricolor foi bem aquém de suas raízes, mas conseguiu segurar a
vitória até o apito final: São Paulo campeão! Tricampeão! O time se igualava
aos gigantes Real Madrid, Milan, Peñarol, Nacional e Boca Juniors como
tricampeão mundial de futebol, e colocava fim a série de revezes dos clubes
brasileiros contra europeus em mundiais. O tricolor chegava ao topo do mundo e
era o primeiro brasileiro a estar lá por três vezes. Era o final de ano
perfeito para um ano mais que perfeito para o torcedor sãopaulino.
Muricy mantém a
pegada do campeão
Em 2006, o São Paulo perdeu o técnico
Paulo Autuori, o atacante Amoroso e o lateral Cicinho, peças fundamentais para
as conquistas de 2005, e teve que se reorganizar para manter o embalo em busca
de mais glórias. No banco, chegou o treinador Muricy Ramalho. No ataque,
Ricardo Oliveira chegou para manter a qualidade perdida com a saída de Amoroso.
Na lateral, o time teve que improvisar com Souza (Ilsinho seria titular apenas
depois). No Campeonato Paulista, o time amargou o vice, mas a torcida nem deu
bola, afinal, o foco era a Libertadores. Na competição continental, o time foi
líder de seu grupo, mas sofreu duas derrotas amargas, ambas por 2 a 1 e ambas
para o Chivas Guadalajara-MEX, que impôs a primeira derrota em casa do tricolor
desde 1987 na competição.
Nas oitavas, novamente o Palmeiras pela
frente, e novamente o São Paulo saiu vitorioso: empate em 1 a 1 no primeiro
jogo e vitória por 2 a 1 no segundo. Nas quartas, duelo complicado contra o
Estudiantes (ARG). O tricolor perdeu o primeiro jogo por 1 a 0, venceu pelo
mesmo placar a volta, e ganhou nos pênaltis por 4 a 3, com show de Rogério, que
defendeu um pênalti e marcou um dos gols. Nas semis, o time brasileiro iria
reencontrar o algoz da primeira fase: o Chivas.
Bebim de felicidade!
O São Paulo deu o troco no Chivas
Guadalajara nas semifinais da Libertadores de 2006. No primeiro jogo, no
México, o time jogou com maturidade e eficiência de campeão e venceu por 1 a 0,
gol de Rogério Ceni, que se igualava a Chilavert em números de gols marcados.
Na volta, no Morumbi, o São Paulo atropelou. No começo do jogo, o Chivas teve
um pênalti, causando susto nos brasileiros, mas Rogério mostrou novamente que
era um gigante e defendeu de maneira magnífica. A defesa serviu para embalar o
tricolor, que fez 3 a 0 nos mexicanos, com Leandro, Mineiro e Ricardo Oliveira.
Com classe, com show, o São Paulo estava na final novamente.
A derrota onde menos
se esperava
O São Paulo protagonizou, pelo segundo
ano consecutivo, a segunda final entre times de um mesmo país na Libertadores.
Só que, em 2006, o adversário era o poderoso Internacional de Fernandão, Rafael
Sóbis, Fabiano Eller, Jorge Vágner, Alex e Tinga. O time colorado havia perdido
apenas um jogo e mostrava força não só em casa, mas também fora. O São Paulo
decidiu o primeiro jogo no Morumbi com mais de 71 mil pessoas. Mas o que era
para ser uma festa virou pesadelo. Josué, o incansável volante tricolor, foi
expulso logo com nove minutos de jogo, colocando toda a tática de ataque do São
Paulo por água abaixo. Com isso, o Inter foi mais ofensivo até ele perder um
volante, também, aos 38´ da primeira etapa, quando Fabinho levou o vermelho. No
segundo tempo, o jogo pegou fogo, ou melhor, o Inter colocou fogo. Rafael
Sóbis, arisco e letal, marcou duas vezes e colocou o Inter muito próximo do
título. O zagueiro tricolor Edcarlos ainda descontou, mas o São Paulo não
conseguiu reverter a vantagem gaúcha. No final, o Morumbi, que fora tão
decisivo na conquista de 2005, tinha virado do avesso o seu status de
caldeirão.
No Beira Rio, o São Paulo viveu novos
dramas e não superou o Inter. Ricardo Oliveira não pôde jogar (acabara seu
empréstimo), Rogério falhou feio no primeiro gol do jogo, de Fernandão, Lugano
perdeu um gol incrível quando a partida ainda estava 0 a 0 e o empate em 2 a 2
deu o título inédito ao Internacional. Muito choro e decepção no lado tricolor:
a América perdia o preto, e ficava apenas vermelha e branca.
A volta por cima
Com a perda do título da Libertadores,
o São Paulo teve que recomeçar a caminhada das glórias. O time, logo após a
derrota, encarou o Cruzeiro, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo
começou com os mineiros a todo vapor, que abriram 2 a 0. Quando eles estavam
prestes a fazer o terceiro, de pênalti, Rogério começou a dar a volta por cima
após a falha na decisão da Libertadores. O goleiro defendeu o pênalti
cruzeirense e marcou os dois gols do heróico empate do tricolor. Ali, ele fazia
uma de suas melhores partidas na carreira e se tornava o maior goleiro
artilheiro da história do futebol mundial. Era o recomeço que ele, e o São Paulo,
precisava para lutar pelo fim do jejum de 15 anos sem o título do Campeonato
Brasileiro.
Para ser tetra
Com um elenco de respeito e com várias
peças de reposição, o São Paulo seguiu absoluto no Campeonao Brasileiro de
2006. A equipe mostrou força em casa e fora dela, conquistando vitórias
decisivas como 3 a 1 no Santa Cruz (fora), 2 a 0 no Internacional (casa), 5 a 1
no Vasco (casa), 2 a 1 no Fluminense (fora), 2 a 0 no Figueirense (fora), 1 a 0
no Santos (fora), 3 a 0 no Botafogo (casa) e 2 a 0 no Goiás (fora). Mesmo com a
perda do título da Recopa para o Boca Juniors (derrota fora de casa por 2 a 1 e
empate em 2 a 2 no Morumbi), o clube seguiu firme rumo ao tetra no Nacional.
4-3-3
Parecia o filme de 2005, da final da
Libertadores, mas o jogo era pela 36ª rodada do Brasileiro. São Paulo e
Atlético-PR duelavam no Morumbi lotado e o tricolor poderia ser campeão
brasileiro pela primeira vez jogando em casa. O time começou vencendo, com gol
de Fabão, mas levou o empate no segundo tempo. Ao término da partida, os
jogadores do São Paulo continuaram em campo para esperar o fim do jogo entre
Paraná e Internacional. Os paranaenses venciam por 1 a 0 e o resultado dava o
título ao tricolor paulista. Apenas no apito final em Curitiba é que o Morumbi
pôde comemorar: o São Paulo, depois de 15 anos, era campeão brasileiro. O
caneco fez o time encerrar de maneira feliz um ano complicado e com muitos
momentos tristes. A conquista coroou o trabalho de Muricy Ramalho, que já dava
sinais de que sabia muito bem do assunto “pontos corridos”. A campanha tricolor
foi impecável: 22 vitórias, 12 empates e apenas 4 derrotas em 38 jogos, com 66
gols marcados e 32 sofridos. Era o São Paulo no topo do Brasil e lançando moda
com o “novo esquema tático” 4-3-3: quatro Brasileiros, três Mundiais e 3
Libertadores.
Previsões sombrias
Em 2007, o São Paulo era, naturalmente,
favorito em qualquer competição que disputasse, mas as previsões não eram lá
muito animadoras. Mineiro e Josué (este último deixou o clube perto do meio do
ano), os expoentes do melhor meio de campo do clube em décadas, deixaram o
Morumbi. Na zaga, o xodó Fabão também foi embora. Danilo, meia fundamental para
os títulos de 2005 e 2006, saiu. Ilsinho, grande revelação da lateral-direita
na conquista do tetra, também deixaria o time no decorrer da temporada para
jogar na Ucrânia. Como o São Paulo iria manter o embalo sem tantos jogadores
importantes? Oras, contratando! Para o meio de campo, o clube trouxe de volta
Hernanes, que havia sido emprestado ao Santo André, Jorge Wagner, que também
podia atuar na lateral, e Zé Luís, que havia brilhado no São Caetano. Para a
meia, o time trouxe Hugo, que havia se destacado no Grêmio. Para o ataque, os
nomes da vez foram Borges e Dagoberto. Para a zaga, Miranda, André Dias e Alex
Silva ganhariam a companhia (e a concorrência) de um promissor zagueiro
revelado nas categorias de base: Breno, de apenas 17 anos, mas com um futebol
de zagueiro veterano.
Antes da disputa do Brasileiro, o São
Paulo perdeu apenas um dos 19 jogos que fez na primeira fase do campeonato
estadual e foi para o mata-mata como um dos favoritos para chegar à final. No
entanto, a equipe levou 4 a 1 do São Caetano e teve que se concentrar na Libertadores,
na qual passou pela primeira fase sem grandes problemas contra adversários
fracos (Audax Italiano-CHI, Alianza Lima-PER e Necaxa-MEX). Mas, nas oitavas de
final, o time caiu diante do Grêmio após não conseguir segurar a vantagem do 1
a 0 da partida de ida e perder por 2 a 0 na volta, no Olímpico, dando adeus à
competição internacional no dia 9 de maio. Três dias depois, começou o
Campeonato Brasileiro e Muricy teve que mudar completamente a maneira de jogar
do time (muito por causa da imposição do presidente Juvenal Juvêncio) e em
várias peças dentro de campo. Jorge Wagner, André Dias, Hernanes, Dagoberto e
Borges entraram nas vagas de Jadílson, Richarlyson, Souza, Leandro e Aloísio e
o time estrou com vitória por 2 a 0 sobre o Goiás, em casa. Assim como em
2006, a caminhada nacional começava com o pé direito.
Consertando os
problemas
Nas primeiras rodadas, o São Paulo
alternou bons e maus momentos e demorou para encontrar estabilidade. Na segunda
rodada, derrota por 1 a 0 para o Náutico, fora de casa. Na terceira, empate sem
gols com o Palmeiras. Na quarta, vitória por 1 a 0 sobre o Paraná, fora. Na
quinta, derrota em casa por 1 a 0 para o Atlético-MG, em mais um revés com
expulsão do lado tricolor (Leandro), assim como Aloísio foi expulso no duelo
contra o Náutico. Era preciso controlar os nervos e melhorar a pontaria no
ataque se o time quisesse chegar ao topo. E foi o que aconteceu nas duas
rodadas seguintes. Contra o Vasco, no Morumbi, Borges desencantou e fez os dois
gols da vitória por 2 a 0. No duelo seguinte, novo triunfo por 2 a 0, dessa vez
contra o Santos, em plena Vila Belmiro, com gols de Dagoberto e Aloísio. Àquela
altura, o time estava no G4 pela primeira vez. Nas três rodadas seguintes, dois
empates sem gols, contra Figueirense, fora, e Flamengo, em casa, e vitória por
1 a 0, em casa, sobre o Internacional. No dia 14 de julho, a equipe empatou com
o Corinthians e, quatro dias depois, perdeu para o Fluminense, em casa, por 1 a
0. Ainda sem embalar, o time teria um duelo fundamental contra o Cruzeiro, em
Minas, pela 13ª rodada. Se o São Paulo pensava no título, o rival mineiro, na
parte de cima da tabela e na cola do líder Botafogo, deveria ser superado. E
seria.
Pegue-me (e tente
marcar um gol) se for capaz
No dia 22 de julho, o São Paulo iniciou
contra o mesmo Cruzeiro uma reviravolta semelhante à da campanha de 2006 no
Campeonato Brasileiro. A equipe paulista começou perdendo, mas, no segundo
tempo, Breno, de cabeça, empatou o jogo logo aos cinco minutos e deu sobrevida
ao time, que encarava o rival de igual para igual e tentava controlar as ações
no meio de campo. Foi então que Hernanes, aos 25´, marcou um dos gols mais
bonitos da competição e também da epopeia do tri-hexa do tricolor. No meio, o
jogador tricolor pedalou e passou por um, pedalou e passou por outro, olhou
para o gol e disparou um chutaço indefensável que foi parar no ângulo do
goleiro Fábio: golaço! Foi uma obra-prima que selou a vitória por 2 a 1 e a
subida do time até a vice-liderança da competição a apenas dois pontos do
Botafogo. A partir dali, o time iniciou uma sequência simplesmente
impressionante. Foram 16 jogos sem perder, com direito a sete vitórias seguidas
da 13ª rodada até a 19ª. Nesse período, o time despachou, além do Cruzeiro, Sport
(3 a 1, em casa), América-RN (1 a 0, fora), Juventude (3 a 1, em casa) e Grêmio
(2 a 0, fora). Na 18ª rodada, o time viajou até o Rio de Janeiro e fez um duelo
decisivo contra o Botafogo pelo título simbólico do primeiro turno. Mesmo fora
de seus domínios, o São Paulo mostrou muita força nos contra-ataques e venceu
por 2 a 0, com gols de Alex Silva e Leandro, ambos no segundo tempo. Na última
rodada do turno, novo triunfo (2 a 0, no Atlético-PR, em casa) e tranquilidade
para a reta final mesmo com as saídas de Josué e Ilsinho. Líderes isolados, os
jogadores do São Paulo mantinham a concentração em si mesmos e não se
importavam com os rivais, como disse Dagoberto à época:“mantemos a seriedade. Temos que nos preocupar só com a gente”.
A sequência de sete vitórias seguidas
foi quebrada na 20ª rodada, com o empate sem gols contra o Goiás, fora. Mas,
nos três jogos seguintes, o time venceu o Náutico (5 a 0, em casa), o Palmeiras
(1 a 0, fora) e o Paraná (6 a 0, em casa). Nas 24ª e 25ª rodadas, mais quatro pontos
após empate sem gols contra Atlético-MG, fora, e vitória por 2 a 0 contra o
Vasco, fora, resultados que deram ainda mais moral ao líder para o clássico
contra o Santos, no dia 15 de setembro. Enquanto você lia essa trajetória entre
a 17ª e a 25ª rodadas, percebeu que o São Paulo não levou um gol sequer dos
adversários? Isso mesmo! A equipe conseguiu a proeza de ficar inteiros nove
jogos sem ver os rivais vazarem Rogério Ceni uma única vez. Foi uma marca
histórica que chegou aos 987 minutos no clássico contra o Santos, que terminou
2 a 1 para o São Paulo, com uma pintura histórica de Breno, que driblou um
mundaréu de jogadores antes de finalizar para o gol. Absolutos na defesa e
letais nos contra-ataques, os tricolores sobravam e acumulavam “gordura” para
os duelos seguintes. Após vencer o Figueirense, por 2 a 0, em casa, o time
viajou até o Sul e bateu o Internacional em pleno Beira-Rio por 2 a 1,
tornando-se o primeiro time paulista a vencer tanto Grêmio quanto o Inter em
suas próprias casas em um mesmo Campeonato Brasileiro.
Penta!
Nas três rodadas seguintes, o São Paulo
se deu ao luxo de perder dos jogos (ambos por 1 a 0, para Flamengo e
Corinthians), e empatou em 1 a 1 com o Fluminense. Na rodada de número 32, o
time teve pela frente o Cruzeiro, em mais um jogo com ares de decisão. Com mais
de 60 mil pessoas, o Morumbi empurrou o time da casa, que venceu por 1 a 0, gol
de Jorge Wagner, e aumentou a diferença do São Paulo em relação ao novo
vice-líder (Palmeiras) para incríveis 13 pontos. O título estava praticamente
garantido. Na rodada seguinte, o tricolor foi até o Recife e venceu o Sport,
por 2 a 1, com dois lindos gols, um de Rogério Ceni, de falta, e outro de
Aloísio. No compromisso seguinte, um mero empate contra o América-RN, em casa,
daria o título brasileiro ao tricolor. E, com quase 70 mil pessoas no Morumbi,
o São Paulo não decepcionou: Hernanes, Miranda e Dagoberto fizeram os gols da
fácil vitória por 3 a 0 que sacramentou com quatro rodadas de antecipação o
pentacampeonato brasileiro do tricolor. Era a glória tão esperada dias após a
eliminação nas quartas de final da Copa Sul-Americana, diante do
Millonarios-COL, embora o torneio continental já tivesse dado um gostinho
especial para os paulistas pelo fato de eles terem eliminado o Boca Juniors-ARG
nas oitavas de final.
Nas rodadas seguintes do Brasileiro, o
São Paulo perdeu para Juventude (2 a 0, fora) e Atlético-PR (2 a 1, fora),
venceu o Grêmio (1 a 0, em casa), e empatou com o Botafogo (2 a 2, em casa),
resultados que não diminuíram em nada a campanha incontestável do time: 38
jogos, 23 vitórias, oito empates, sete derrotas, 55 gols marcados e apenas 19
gols sofridos (a melhor defesa em toda a história do Brasileiro por pontos
corridos), totalizando um aproveitamento de 67%. Vivendo uma fase magnífica,
Rogério Ceni se consagrou como o melhor goleiro do país na época e foi o único
a atuar na América do Sul a ser indicado ao prestigiado prêmio “Ballon d´Or” da revista France Football.
O título deu ao São Paulo a famigerada
posse da “Taça das Bolinhas”, criada pela Caixa Econômica Federal e que seria
entregue ao primeiro clube pentacampeão nacional ou tricampeão
consecutivamente. O problema é que o Flamengo pleiteava o troféu por ser campeão
nacional em 1980, 1982, 1983, 1992 e em 1987, na bagunçada Copa União, até hoje
motivo de discórdia na CBF, que sempre se recusou a considerar aquele torneio
como “Brasileiro”. O fato é que a taça foi entregue ao São Paulo, o Flamengo
entrou na justiça, a taça voltou à Caixa e até hoje o assunto segue sem uma
definição concreta. Coisas do Brasil-sil-sil…
Idas, vindas e novo
drama continental
Para a temporada de 2008, o São Paulo
trouxe novos nomes e viu vários jogadores deixarem as bandas do Morumbi. Entre
os contratados, destaque para o lateral Joílson, o atacante Éder Luís e o
zagueiro Rodrigo. Outro que também chegou foi o atacante Adriano, por
empréstimo, para tentar recuperar a forma e provar ao seu clube, a
Internazionale-ITA, que ainda poderia ser útil. Do lado das baixas, o time
perdeu quatro jogadores fundamentais para os títulos dos anos anteriores:
Leandro, Souza, Aloísio e Breno, talento precoce que rumou para o Bayern
München-ALE. Mais uma vez, Muricy teria que reinventar o time no Estadual e
saber equilibrar as coisas para a Libertadores, que ganhava importância ainda
maior por causa da presença de Adriano.
No Campeonato Paulista, o tricolor fez bons jogos, se classificou para a semifinal, mas acabou eliminado pelo futuro campeão, o Palmeiras, após derrota por 2 a 0 no Palestra Itália. Na Libertadores, a equipe superou Audax Italiano-CHI, Atlético Nacional-COL e Sportivo Luqueño-PAR na fase de grupos e eliminou o tradicional Nacional-URU, nas oitavas, após empate sem gols no Uruguai e vitória por 2 a 0 em casa, com gols de Adriano e Dagoberto. Nas quartas de final, o tricolor encarou um rival doméstico: o Fluminense. Na partida de ida, no Morumbi, Adriano marcou o gol da vitória por 1 a 0 que deu ao São Paulo a vantagem do empate para o duelo da volta, no Maracanã. Na casa do tricolor carioca (tomada por mais de 68 mil pessoas), Washington abriu o placar para o Flu, mas Adriano, no segundo tempo, deixou o São Paulo muito perto da semifinal. No entanto, Dodô, um minuto depois, fez 2 a 1. Nos acréscimos, Washington aproveitou um escanteio cobrado por Thiago Neves e fez o gol salvador e heroico da classificação do Flu, que venceu por 3 a 1 e fez o São Paulo acumular mais um tropeço diante de um clube brasileiro na Libertadores.
Assim como em 2007, as críticas
choveram na cabeça de Muricy, que não conseguia brilhar em competições de
mata-mata pelo clube paulista. Para piorar, Adriano, artilheiro do time na
temporada com 17 gols, voltou à Internazionale e a equipe não tinha vencido
nenhum dos três jogos já disputados no Campeonato Brasileiro (derrota para o Grêmio,
em casa, por 1 a 0, e empates em 1 a 1 contra Atlético-PR e Coritiba. Seria bem
mais difícil voltar ao topo daquela vez…
Longe das cabeças
Ao contrário dos dois anos anteriores,
o São Paulo de 2008 demorou para engrenar e não flertou nenhuma vez com a
liderança no primeiro turno. Após quatro rodadas sem vitórias, o time só venceu
a primeira no dia 7 de junho, com um 5 a 1 pra cima do Atlético-MG, no Morumbi.
Na rodada seguinte, a equipe calou os mais de 50 mil torcedores do Flamengo, no
Maracanã, e venceu por 4 a 2, esboçando uma reação principalmente após a
vitória por 1 a 0 sobre o Sport, no Morumbi. Mas, nas três rodadas seguintes,
apenas dois pontos conquistados (nos empates em 1 a 1 contra Cruzeiro e
Ipatinga) e derrota por 2 a 1 para o Náutico, fora de casa. Entre as rodadas
11ª e 13ª, três vitórias: 2 a 1 no Palmeiras, em casa, 3 a 1 no Vitória, fora,
e 2 a 1 no Botafogo, em casa. Na 15ª rodada, derrota para o Inter, no Sul, por
2 a 0, e volta por cima na vitória por 3 a 1 sobre a Portuguesa, em casa. Nas
quatro últimas rodadas, duas vitórias (4 a 0 no Vasco, em casa, e 2 a 1 no
Goiás, em casa), um empate (1 a 1, com o Figueirense, fora) e uma derrota (3 a
1, para o Fluminense, fora, com três gols do carrasco Washington), resultados
que mantiveram o São Paulo na 4ª colocação, atrás do líder Grêmio, do vice,
Cruzeiro, e do terceiro, Palmeiras.
Logo na primeira rodada do returno, o
time paulista perdeu mais um duelo para o Grêmio, dessa vez fora de casa, por 1
a 0, e viu os gaúchos dispararem 11 pontos na liderança. Muitos já davam o São
Paulo como fora da disputa pelo título e uma volta por cima era quase
impossível. Mas nada era impossível para Muricy. Muito menos para um time tão
acostumado com as adversidades e perito em pontos corridos.
Se deixar chegar…
A partir da 21ª rodada, o São Paulo
tinha plena consciência de que não poderia perder mais pontos de maneira
nenhuma. Derrotas eram inadmissíveis. Empates, só se fossem alguns, ou fora de
casa ou, no máximo, em clássicos. Nas quatro rodadas após o revés para o
Grêmio, o time venceu o Atlético-PR, em casa, e empatou três jogos contra
Coritiba (2 a 2, fora), Santos (0 a 0, em casa) e Atlético-MG (1 a 1, fora). Na
25ª rodada, vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo, em casa, com gols de Dagoberto
e Hugo, e empate em 0 a 0 com o Sport, fora de casa, na 26ª rodada. Só nas três
rodadas seguintes que a equipe engatou três vitórias consecutivas e alcançou
novamente o G4, após derrotar Cruzeiro (2 a 0, em casa), Ipatinga (3 a 1, fora)
e Náutico (1 a 0, em casa). Em mais um duelo contra um rival direto na luta
pelo título, o tricolor abriu 2 a 0 diante do Palmeiras, no Palestra Itália, e
tinha mais três preciosos pontos em suas mãos até os 33 minutos do segundo
tempo, quando permitiu a reação do time da casa, que chegou ao empate e
frustrou os planos dos tricolores.
Mas, no duelo seguinte, contra o
Vitória, em casa, o São Paulo venceu por 2 a 1 (gols de Hernanes e Hugo) e
engatou uma sequência de seis vitórias seguidas: 2 a 1 no Botafogo, fora, 3 a 0
no Internacional, em casa, com show do trio Borges, Dagoberto e Hugo, 3 a 2 na
Portuguesa, fora, 3 a 1 no Figueirense, em casa, e 2 a 1 no Vasco, fora, em um
jogo cheio de pressão pelo fato de o time carioca estar na zona de rebaixamento
na época e precisar desesperadamente da vitória. Graças àquela arrancada e aos
tropeços dos líderes, o São Paulo saiu da quarta posição e chegou ao topo da
tabela pela primeira vez (na 33ª rodada, após a goleada sobre o Inter).
Quietinho e sem alardes, o time já estava com novas chances de título e se
apoiava nas atuações decisivas de Hugo e Borges, os artilheiros do time no
torneio (eles terminaram a competição com 14 e 16 gols marcados,
respectivamente) e fundamentais para a arrancada do segundo turno. Faltavam
apenas duas rodadas para o fim. E o caneco poderia vir em casa, no dia 30 de
novembro, contra o Fluminense.
O inesquecível
tri-hexa
Mesmo diante de 66.888 pagantes no
Morumbi, o São Paulo não conseguiu o que precisava (uma vitória simples) e
apenas empatou com o Fluminense em 1 a 1, resultado que adiou a decisão do
torneio para a última rodada. A parada seria complicada, afinal, o time iria
enfrentar o Goiás, fora de casa, um adversário que sempre trouxe problemas para
o clube do Morumbi. Para piorar, vários rumores de arbitragem suspeita e
suborno agitaram o ambiente do clube e acirraram o nervosismo já elevado para a
“decisão”. No dia do jogo, a equipe entrou em campo com a determinação e
concentração características dos anos anteriores e não permitiu grandes chances
ao Goiás. Aos 22´do primeiro tempo, Borges fez o gol solitário e necessário
para dar o tricampeonato consecutivo ao São Paulo, que se tornava naquele dia o
primeiro a levantar o Campeonato Brasileiro por três vezes seguidas e, de
quebra, o primeiro clube hexacampeão do torneio.
Em 19 jogos do returno, o São
Paulo perdeu apenas um, venceu 12 e empatou seis, desempenho fundamental para a
conquista de um título tido como improvável. A campanha foi semelhante a de
2006: 38 jogos, 21 vitórias, 12 empates, cinco derrotas, 66 gols marcados e 36
gols sofridos, aproveitamento de 65%.
Fim do Esquadrão
Em 2009, o time competitivo sofreu
desgastes e Muricy Ramalho não suportou a pressão de mais uma eliminação em uma
Libertadores para um rival doméstico (dessa vez para o Cruzeiro) e deixou o
comando do tricolor em junho. Na sequência da temporada, a equipe não
apresentou o mesmo rendimento
Na minha opinião: história interessantíssima para aqueles que apreciam futebol.
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