segunda-feira, 27 de julho de 2015

Santos 1960-1969

ESQUADRões do brasil – SANTOS 1960-1969

27/06/2015
Fonte:Imortais do Futebol
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Grandes feitos: Bicampeão Mundial Interclubes (1962 e 1963), Bicampeão da Copa Libertadores da América (1962 e 1963), Campeão da Supercopa Sul-Americana (1968), Campeão da Recopa Mundial (1968), Pentacampeão da Taça Brasil (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965), Campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968), Tricampeão do Torneio Rio-São Paulo (1963, 1964 e 1966) e Octacampeão Paulista (1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968 e 1969). Sim, foram 23 títulos em apenas uma década.
Time base: Gilmar; Lima (Carlos Alberto Torres), Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Dorval; Mengálvio (Clodoaldo), Coutinho (Toninho Guerreiro), Pelé e Pepe (Edu). Técnicos: Lula e Antoninho.
O maior dos esquadrões”
“Bola com Mauro, ele toca para Zito, que faz a finta, deixa com Calvet, rola pra Mengálvio, passa por um, olha para o canto, aparece Coutinho que recebe, finta um, dois, deixa com Pepe, driblou o zagueiro, driblou mais um, passou pra Pelé, chapelou um, chapelou dois, fuzilou! Goooool! Golaço do Santos!” A narração fictícia que você acabou de ler foi apenas um exemplo de como era um gol comum do Santos da década de 60. O time brasileiro foi o maior esquadrão das Américas (ou do mundo?) no século XX e encantou plateias na Vila Belmiro, no Pacaembu, no Maracanã, no San Siro, no Estádio da Luz ou até na África. O que o Santos ganhou e fez durante 10 anos nenhum outro clube conseguiu até hoje no Brasil: vencer 23 títulos, marcar uma enxurrada de gols, se exibir por todos os cantos do mundo, parar até guerras, golear sem dó qualquer adversário e ter Pelé. Ah, Pelé… O rei jogou absurdamente muito por mais de uma década, fez o Santos ser conhecido por todos e virou o maior jogador do século. O Imortais do Futebol homenageia o grande Santos, parabenizando o clube praiano pelo seu aniversário de 100 anos. E a melhor homenagem é relembrar aquela equipe dos sonhos. Mas que foi mais do que real.
Tinindo para brilhar
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O Santos já tinha a sua espinha dorsal formada no final da década de 50. Pelé, Pepe, Coutinho, Dorval e outros já integravam o time da Vila Belmiro que venceu o Campeonato Paulista de 1958, com o menino Pelé marcando 58 gols, recorde até hoje na competição. No ano seguinte, o time venceu o Torneio Rio SP em cima do Vasco. No mesmo ano, chegou perto da conquista da cobiçada Taça Brasil, mas perdeu a final para o super Bahia daquela época em jogos alucinantes: Santos 2×3 Bahia / Bahia 0x2 Santos / Bahia 3×1 Santos. Aquela, porém, seria uma derrota logo esquecida. A nova década estava chegando e trazia ventos muito favoráveis ao clube.

Vitórias, canecos e revanche
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Em 1960 o Santos continuou com seu futebol eficiente e vistoso em busca de mais. O clube venceu novamente o Campeonato Paulista, vingando a derrota no ano anterior para a academia do Palmeiras, que se mostraria ao longo da década o único time capaz de impedir um deca ou até mesmo eneacampeonato santista naquele período. O destaque ficou na reta final, quando o Santos massacrou o Corinthians por 6 a 1 e o Palmeiras por 5 a 0. O time mandava novamente no estado, o que garantia vaga na Taça Brasil de 1961. Na competição nacional, o Santos entrou nas semifinais por ser campeão estadual de São Paulo. Com esse privilégio, o time aproveitou e não tomou conhecimento do América-RJ, ao vencer dois jogos por 6 a 2 e 6 a 1 e perder um por 1 a 0. Na final, o time da Vila reencontrou o Bahia, algoz de dois anos antes. Na primeira partida, em Salvador, empate em 1 a 1. Na volta, o Pacaembu viu um show de Pelé e Coutinho, que marcaram os gols da goleada por 5 a 1 que garantiu o primeiro caneco nacional do clube, além da vaga para a Copa Libertadores da América de 1962. O peixe, em 1961, ainda venceu mais uma vez o Paulista e protagonizou um dos maiores bailes do ano no futebol nacional: fez 7 a 1 no Flamengo em pleno Maracanã pelo Torneio Rio SP, com gols de Pelé (3), Pepe (2), Coutinho e Dorval. Um show que fez os mais de 90 mil torcedores aplaudirem de pé o esquadrão de Pelé.

O primeiro grande ano
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Garrincha e Pelé: protagonistas de uma era de ouro.

Campeão nacional e estadual, o Santos quis repetir tudo de novo em 1962, mas, se possível, melhorar, com a participação na Libertadores da América. O torneio era um bebê na época, já que fora criado em 1960. O incrível Peñarol, do Uruguai, era o atual bicampeão da competição e o time a ser batido naquele torneio. Os aurinegros chegaram facilmente à final. Faltava o adversário. Que seria, claro, o Santos.

Caminhada americana
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O time brasileiro caiu no Grupo 1, ao lado de Cerro Porteño, do Paraguai, e Deportivo Municipal, da Bolívia. A equipe de Pelé, Pepe, Coutinho e companhia passou fácil pelos rivais, com destaque para as goleadas de 9 a 1 contra o Cerro e 6 a 1 contra o Deportivo. Depois de três vitórias e um empate, classificação assegurada para as semifinais. O adversário foi a Universidad Católica, do Chile. O primeiro jogo, em Santiago, terminou empatado em 1 a 1. Na volta, em Santos, o time da Vila venceu por um magro 1 a 0, gol de Zito, decretando a vaga na final.

Páreo duro sem o Rei
O Santos tinha pela frente o ótimo Peñarol em sua primeira decisão de Libertadores. Os uruguaios contavam com nomes de peso como Pedro Rocha, Spencer (maior artilheiro da história da Libertadores com 54 gols), Caetano e Maidana. Para piorar, o Santos não tinha Pelé, contundido. Mesmo assim, a equipe mostrou força no primeiro jogo, em Montevidéu, e venceu por 2 a 1, com dois gols de Coutinho. Na volta, o time aurinegro venceu por 3 a 2, mesmo com a bagunça que foi a partida disputada na Vila Belmiro, pois, após a torcida atirar uma garrafa no campo, o juiz suspendeu o jogo. Depois de mais de uma hora, a partida foi reiniciada, com o Santos marcando mais um gol. O empate dava o título ao Santos. O juiz apitou o final do jogo e a festa foi geral. Mas, dias depois, a Conmebol não acatou e forçou uma terceira partida. Esta, já com o Rei.

América brancaleone
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O jogo decisivo entre Santos e Peñarol aconteceu no mês de agosto em campo neutro, na Argentina. Pelé já estava recuperado da contusão que o tirou de boa parte da Copa de 1962. E foi graças a volta do Rei que o Santos mostrou que era o melhor da América. Com dois gols de Pelé e um contra do uruguaio Caetano, a equipe colocou o Peñarol na roda e fez 3 a 0, conquistando pela primeira vez o título da Copa Libertadores. Era, também, a primeira conquista de um time brasileiro. O caneco credenciava o peixe à disputa do Mundial Interclubes, no final do ano.
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Bicampeão nacional
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Antes da conquista da Libertadores, o Santos protagonizou duelos eletrizantes contra o Botafogo nas finais da Taça Brasil. Na primeira partida, no Pacaembu, deu Santos: 4 a 3, com dois gols de Pepe, um de Coutinho e um de Dorval. Pelo Botafogo, marcaram Quarentinha, Amoroso e Amarildo. No segundo jogo, no Maracanã, vitória do Fogão por 3 a 1. O jogo decisivo foi também no Maracanã e… O Santos deu mais um show e venceu por 5 a 0, gols de Dorval, Pepe, Coutinho e Pelé (2). Um espetáculo que emudeceu os torcedores cariocas e enlouqueceu os santistas e apaixonados por futebol. O público via ali que realmente aquele Santos era demais. E praticamente imbatível. No Paulistão, tricampeonato seguido, com Pelé novamente artilheiro com 37 gols. Quem poderia bater aquele esquadrão? Será que o Benfica (POR), de Eusébio?

A conquista do mundo
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Depois de colecionar canecos em 1962, ainda faltava a cereja no bolo do Santos: o Mundial. Na época, o campeonato era disputado em duas partidas, uma em cada país. Se permanecesse a igualdade em pontos, não em gols, haveria uma terceira partida na casa do time que fazia o segundo jogo. Naquela decisão, Santos e Benfica iriam ver quem era o melhor time do mundo. Do lado brasileiro, o esquadrão que estava na ponta da língua dos torcedores de todo país, que jogava o fino da bola e tinha Pelé. Do lado português, outro esquadrão, que era bicampeão europeu e havia vencido o Real Madrid na decisão da Liga dos Campeões por acapachantes 5 a 3. A estrela do time de Lisboa era o “Pantera Negra” Eusébio, um monstro da bola. O primeiro jogo foi no Brasil, com o Maracanã lotado com mais de 90 mil pessoas. Não eram apenas santistas. Eram alvinegros, tricolores, rubro-negros. Ao contrário do que vemos hoje, na época, o Santos tinha a torcida de todos, afinal, era um time do Brasil em campo, e o respeito era outro. Hoje, tal fato é inimaginável. O jogo foi duro e disputado, mas o Santos venceu por 3 a 2, com gols de Pelé (2) e Coutinho, com Santana (2) descontando para o time português. Era hora de cruzar o atlântico para o jogo de volta.
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A maior apresentação da história
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O Estádio da Luz, em Lisboa, estava lotado. Os portugueses, animados com a dureza que o Benfica impuzera ao Santos no Brasil, tinham a certeza de que haveria uma terceira partida, tanto é que até os ingressos já estavam prontos. Eles estavam muito confiantes. Porém, esqueceram de avisar aquela torcida que do outro lado estava o Santos. “O” Santos de Pelé, Coutinho, Pepe e companhia. E que o esquadrão brancaleone faria naquela partida uma das maiores exibições de um time de futebol na história. O peixe jogou muito, mas muito, e não deu chances ao rival em nenhum momento. Pelé fez logo dois aos 15´ e aos 25´. Coutinho fez o terceiro, Pelé fez o quarto e Pepe fechou o caixão: 5 a 0. O Benfica ainda fez dois gols, para não ficar tão feio, no final do jogo, mas era tarde: Santos 5×2 Benfica. O time brasileiro conquistava pela primeira vez em sua história o título de campeão mundial de futebol. Era a consagração que aqueles brilhantes jogadores precisavam. E o ápice para o mundo conhecer de vez o time de Pelé e Cia.

Rumo aos recordes
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Em 1963, o Santos estava no auge. Campeão de tudo no ano anterior, a equipe queria repetir a dose. E repetiu. Menos no campeonato paulista, que ficou com a Academia do Palmeiras. O Santos vacilou em muitas partidas naquele campeonato e foi prejudicado por uma contusão de Pelé, que não jogou na metade do segundo turno. Se não deu para levar o estadual, o Santos venceu o Torneio Rio SP e o tricampeonato da Taça Brasil. Na competição nacional, o time alvinegro reencontrou novamente o Bahia, repetindo a final de 1961. Dessa vez, os baianos não ofereceram resistência, e o Santos venceu fácil os dois jogos, por 6 a 0 em casa, gols de Pelé (2), Pepe (2), Coutinho e Mengálvio e por 2 a 0 em Salvador, com dois gols de Pelé. Sem rivais no Brasil, o Peixe foi em busca de mais um caneco continental.
O melhor Santos de todos os tempos, em 1962: 4-2-4 virava 4-3-3 e a mais pura arte do futebol desfilava por toda a terra.
O melhor Santos de todos os tempos, em 1962: 4-2-4 virava 4-3-3 e a mais pura arte do futebol desfilava por toda a terra.

Louco por ti, América
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Como campeão da Libertadores do ano anterior, o peixe teve a facilidade de entrar na competição já nas semifinais. O time fez um duelo doméstico contra o Botafogo. No primeiro jogo, em São Paulo, empate em 1 a 1. Na volta, no Rio, goleada do Santos por 4 a 0 e vaga na final. O adversário seria o Boca Juniors, da Argentina. Diferente do ano anterior, o Santos escolheu o Maracanã como sua casa para o primeiro jogo da decisão. A popularidade do time de Pelé no Rio era gigantesca, graças às apresentações brilhantes que o time proporcionava ao público carioca. E a torcida compareceu em peso (mais de 100 mil pessoas) e empurraram o time paulista rumo à vitória por 3 a 2, com dois gols de Coutinho e um de Lima. Sanfilippo fez os dois gols do Boca. A volta seria na temida La Bombonera.

Os melhores da América pela segunda vez
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O matador Sanfilippo abriu o placar para o Boca na partida de volta da final da Libertadores de 1963. O time argentino, como não poderia deixar de ser, abusou das faltas e colocou nervos no time brasileiro. Mas o esquadrão santista, no segundo tempo, tratou de pôr a bola no chão e colocar os argentinos em seu devido lugar. Coutinho empatou aos 50´ e Pelé fez o gol da virada e do título aos 82´, com muita raiva na comemoração. O Santos era bicampeão da Libertadores e repetia o feito do Peñarol, também com dois títulos continentais. A equipe disputaria, mais uma vez, o Mundial.

Embate histórico
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Diferente de 1962, o Santos ia decidir o Mundial Interclubes de 1963 em casa. O adversário dessa vez seria o tradicional Milan, de Cesare Maldini (pai de Paolo Maldini), Trapattoni, Rivera e dos brasileiros Mazzola e Amarildo. O primeiro jogo, em Milão, teve vitória do Milan por 4 a 2. O Santos teve a perda de Pelé naquela partida, que se machucou (mesmo fazendo dois gols). Sem o Rei, o time teria que se virar no jogo (ou nos jogos) de volta com Almir Pernambuquinho. E o “Pelé branco” deu conta do recado. Com um gol dele, dois de Pepe e um de Lima, o Santos devolveu o placar aos italianos no Maracanã: 4 a 2. Haveria o terceiro jogo, também no estádio carioca.

Bimundial
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O jogo decisivo foi tenso, com muitas faltas, entradas duras e o clima de hostilidade prevalente. Mas, de novo, Almir fez a diferença. Foi ele quem sofreu o pênalti aos 29 minutos do segundo tempo, provocando a expulsão de Cesare Maldini, capitão do Milan. Dalmo bateu e fez o único gol do jogo: Santos 1×0 Milan, peixe bicampeão mundial de futebol. O Maracanã explodiu em alegria. Ninguém podia com o time brasileiro, que mostrava ter força em seu grupo mesmo sem Pelé. Almir foi a sensação daquelas partidas. E o Santos era a sensação do mundo. O Brasil estava pequeno para o time. Era hora de se exibir para quem quisesse ver.
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Fama mundial
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Depois dos melhores anos do Santos na história, nas temporadas seguintes, o time passou a excursionar pelo mundo e se exibir, a fim de popularizar o nome do time fora do país, bem como popularizar o futebol brasileiro no geral. Talvez por conta disso, o clube não deu a devida importância às disputas seguintes da Copa Libertadores, torneio que voltaria a ganhar apenas em 2011. Uma pena, pois com o esquadrão que o time possuia, poderia ser o “Real Madrid das Américas” e vencer umas 4, 5 taças consecutivas. Mas o peixe não parou de ganhar títulos. Em 1964, o clube voltou a ganhar o Campeonato Paulista, com destaque para a goleada de 11 a 0 sobre o Botafogo-SP, com 8 gols de Pelé, e um 7 a 4 pra cima do Corinthians em pleno Pacaembu, em que Pelé teve de sair de campo escoltado pela polícia. Pobre Timão… O peixe também venceu o Torneio Rio SP (em título dividido com o Botafogo) e o tetracampeoanto da Taça Brasil, vencendo o Flamengo na decisão, com 4 a 1 no primeiro jogo (com show de Pelé, que fez três gols), em São Paulo, e empate sem gols no segundo. Em 1965, ocorreu o desfecho do espetacular pentacampeonato da Taça Brasil, quando o Santos bateu o Vasco na final por 5 a 1 no primeiro jogo em São Paulo e 1 a 0 no Rio. O time venceu, também, o campeonato paulista.
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Início de vacas magras
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A partir do ano de 1966 a geração de ouro do Santos começou a perder território no Brasil. o time foi derrotado de maneira surpreendente na final da Taça Brasil pelo Cruzeiro de Tostão, Dirceu Lopes, Natal e Procópio. No primeiro jogo, o time azul venceu por absurdos 6 a 2, um massacre que terminou 5 a 0 só no primeiro tempo. No jogo de volta, o Santos perdeu de novo, dessa vez de virada por 3 a 2 em pleno Pacaembu. Ali, os times do Brasil conheceram uma nova força que surgia (o Cruzeiro), novas estrelas que seriam titulares na Copa de 1970 (Tostão e Dirceu Lopes) e via também que o Santos não era imbatível. Para piorar, o time da Vila perdeu o campeonato paulista para o grande rival da época, o Palmeiras. A consolação foi a artilharia do campeonato, que ficou com o brilhante Toninho Guerreiro, que marcou 27 gols. O craque, depois de Coutinho, foi o maior parceiro de Pelé no Santos naquela década de 60.
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O único título do peixe em 1966 foi o Torneio Rio SP, que teve de ser dividido com outros três times devido aos preparativos da seleção para a Copa do Mundo (com muitos convocados entre os clubes em questão), e pelo fato de os times não concordarem em jogar com reservas, fazendo a CBD proclamar os quatro primeiros colocados do torneio, todos com 11 pontos, como campeões. Em 1967, o Santos retomou a coroa no campeonato paulista após vencer o São Paulo no jogo desempate por 2 a 1.

Novo ano de ouro
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Depois de dois anos magros para os padrões santistas da época, o time de Pelé resolveu voltar a brilhar em 1968. Com grandes nomes no time como Clodoaldo, Edu, Abel, Toninho Guerreiro e o futuro capitão do Tri, Carlos Alberto Torres, o Santos venceu novamente o Campeonato Paulista com 11 pontos de diferença sobre o vice-campeão Corinthians. O time também venceu a segunda edição do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o precursor do Campeonato Brasileiro, após vencer os três jogos do quadrangular final contra Internacional, Vasco e Palmeiras. O artilheiro da competição foi Toninho, com 18 gols. Para coroar o ano, dois títulos internacionais: a Supercopa Sul-Americana, quando o time da Vila venceu Peñarol (URU) e Racing (ARG), e a primeira edição da já extinta Recopa Intercontinental, quando o Santos viajou até Milão e derrotou a Internazionale no Estádio Giuseppe Meazza por 1 a 0, gol do matador Toninho. Como a Inter desistiu do jogo de volta (afinal, era certo que perderia…) o Santos foi o campeão. Um novo ano perfeito. O único ponto ruim daquela temporada foi a perda da invencibilidade de 11 anos para o Corinthians, que voltou a vencer o alvinegro da Vila por 2 a 0, tendo que ouvir da Fiel torcida: “Com Pelé, com Edu, nós quebramos o tabu!”.
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Parando guerras
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O ano de 1969 foi histórico para o Santos. Não por conta de títulos, pois o clube venceu apenas o Campeonato Paulista, completando mais um tricampeonato, o segundo da década. O ano foi histórico porque em uma de suas excursões pelo mundo, o time de Pelé foi capaz de parar duas guerras. Isso mesmo! Em uma visita à África, o time brasileiro provocou o cessar fogo na Guerra do Congo Belga entre as forças Kinshasa e Brazzaville, para que as cidades pudessem assistir aos jogos do peixe. Outro conflito paralisado por conta do Santos foi a Guerra de Biafra, na Nigéria. Porém, logo após as partidas, os conflitos recomeçaram… Mesmo assim, o fato foi marcante e estampou as páginas dos mais importantes jornais do planeta, além de inspirar a torcida do Santos a citar o fato em uma de suas cantorias sobre aquele timaço:
“O meu Santos é sensacional
Só o Santos parou a guerra
Com Rei Pelé, bi Mundial
O maior time da Terra”
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Infelizmente, aquele seria o último grande feito do time dos sonhos, que veria Pelé, em 1969, marcar seu milésimo gol na carreira.

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Pelé se prepara para marcar o milésimo gol.

O fim da equipe mágica
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O Santos começou a perder seu encanto e força já em 1969. Com muitas dívidas devido a investimentos equivocados, como a compra do hotel Parque Balneário, que resultou em muito dinheiro perdido anos depois, o clube foi perdendo seus principais jogadores aos poucos. Viu rivais crescerem e conquistarem os títulos que eram apenas de posse do Santos, decretando o fim de um time mágico.

Um time para a história
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Com 100 anos de vida, o Santos é uma das joias do futebol brasileiro e mundial. A história do time que você acabou de ler é uma das mais belas e saborosas desses 100 anos do peixe. Os 23 títulos conquistados, as exibições de gala nos mais diferentes palcos, e a magia que Pelé, Pepe, Coutinho, Zito, Mengálvio, Clodoaldo, Edu e Toninho proporcionavam era demais. Plateias se deliciavam. Multidões se amontoavam nos estádios. Jornais eram vendidos como água. Sempre que o Santos jogava, ia jogar ou ganhava um título era certeza de festa, em qualquer lugar. Naquela época, dizer que o Santos deu show ou que Pelé deu show eram pleonasmos dos mais gritantes. Era óbvio que o Santos dava show. Era óbvio que Pelé dava show, ou que Pelé marcava golaços. O mais que óbvio é que aquele supertime está marcado, para sempre, na história como o maior esquadrão de futebol que o mundo já viu no século XX. Maior que o Real Madrid de Puskás e Di Stéfano? Claro! Maior que o Milan de Van Basten, Rijkaard, Gullit, Baresi e Maldini? Sim! Maior que o São Paulo de Raí e Telê? Sem dúvida! Maior que o Flamengo de Zico? Óbvio! Aí você pergunta: como? A resposta é uma só: Gilmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Dorval; Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. A escalação mais pronunciada e famosa do planeta é a resposta para todos os contestadores. Salve o Santos!
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Os personagens:
Gilmar: o maior goleiro do futebol brasileiro tinha que segurar a bronca na meta santista por conta do ímpeto absurdamente ofensivo daquele time. E desempenhou muito bem o seu papel. Jogou de 1961 até 1969 no peixe, onde virou ídolo e conquistou todos os títulos possíveis. Foi, também, o goleiro do Brasil de 1953 até 1969, conquistando duas Copas do Mundo.
Lima: polivalente do time, Antonio Lima dos Santos podia jogar como lateral direito, lateral esquerdo ou zagueiro. Jogou quase 700 jogos pelo peixe e é um mito no clube.
Carlos Alberto Torres: o capitão do tri foi revelado pelo Fluminense, mas foi no Santos onde ele ganhou a maior coleção de títulos de sua carreira. Jogou no clube paulista de 1965 até 1971. Foi um dos símbolos da eficiência e determinação daquele grande time.
Mauro: um dos maiores zagueiros da história do nosso futebol, Mauro Ramos de Oliveira ganhou o apelido de Martha Rocha, eterna Miss Brasil, por sua elegância e estilo em campo. Exímio cabeceador, foi referência máxima da defesa do Santos em toda a década de 60. Foi o capitão do bicampeonato mundial da Seleção Brasileira, em 1962, mesmo ano em que levantou o primeiro título mundial com o Santos. É um mito do clube alvinegro.
Dalmo: lateral esquerdo, Dalmo Gaspar foi o herói do segundo título mundial do Santos, ao marcar, de pênalti, o gol na terceira partida contra o Milan. Folclórico, dizia ser o inventor da paradinha na hora de bater uma penalidade (o que muitos dizem ser, na verdade, obra de Pelé) e que usou durante um bom tempo uma chuteira de borracha que Pelé ganhou em uma das excursões do Santos pela Europa. Foi muito querido na Vila.
Calvet: Raul Donazar Calvet foi o companheiro de zaga de Mauro entre 1960 e 1964, período mais brilhante daquele Santos. Outro de estilo técnico, Calvet tinha excelente visão de jogo e dava cadência ao time.
Zito: motorzinho do meio de campo do Santos, Zito é uma das maiores lendas do futebol nacional. Foi essencial nas conquistas mais importantes do Santos e também do Brasil nos anos 50 e 60. Jogou no peixe de 1952 até 1967, em mais de 720 partidas. Ganhou o apelido de “Gerente”, por comandar o meio de campo do time. Adorava dar lançamentos para Pelé e Coutinho destruírem as zagas dos rivais. É um dos maiores ídolos de nosso esporte.
Dorval: é tido como o melhor ponta-direita da história do Santos. Tocava o terror no ataque do time e marcava muitos gols. Conquistou os mais importantes títulos com o Santos.
Mengálvio: outro mito do Santos, Mengálvio atuou no clube de 1960 até 1967. Soberano no meio de campo, também fazia seus gols.
Clodoaldo: teve a sorte de jogar com Pelé logo em seu início de carreira, mas o azar de começar justamente quando o Santos começava a cair de produção. Clodoaldo foi um dos maiores volantes da história do futebol, dono de uma habilidade extrema para um defensor, ótimo passe, visão de jogo e velocidade. Foram mais de 500 jogos em 14 anos de Santos, e status de ídolo do time após a saída de Pelé. Foi uma das estrelas do Brasil na Copa de 1970, no México.
Coutinho: o maior parceiro da história de Pelé foi também o mais sossegado e “na dele”. Avesso às entrevistas e ao estrelato, Coutinho fazia o papel dele, que era jogar bola. E como jogava. Quando estava junto com o Rei, era difícil saber quem era quem, tamanha a habilidade e o faro de gols de ambos. Adorava fazer tabelinhas com Pelé, seja com os pés, seja com a cabeça. É considerado um dos maiores centroavantes da história do futebol. Coutinho ganhou o apelido de “gênio da pequena área”, superando outros centroavantes que também se destacaram no clube, como Toninho Guerreiro e Feitiço. Pelé, uma vez, comentou sobre o companheiro naqueles anos de ouro: “Coutinho, dentro da área, era melhor que eu. Sua frieza era algo sobrenatural”. E era mesmo. Em 457 partidas pelo Santos, Coutinho marcou 370 gols e conquistou 22 títulos. Foi um dos maiores da história do clube.
Toninho Guerreiro: foi o segundo melhor parceiro de Pelé depois de Coutinho. Marcou 283 gols em 373 jogos pelo clube da Vila e conquistou inúmeros títulos. Só não foi para a Copa de 1970 por conta da imposição do presidente do Brasil na época, Emílio Médici, que queria Dario no excrete canarinho.
Pelé: o Rei do futebol só foi o que foi, só fez o que fez, e só é o que é por causa de seus anos no Santos. Foi no clube da Vila que o melhor jogador de futebol do século XX viveu seus melhores momentos na carreira, que seriam fechados com chave de ouro na Copa de 1970. A história do Santos e de Pelé se confundem de maneira quase telepática, prova disso são alguns números: o Rei é o maior em número de jogos pelo Santos (1116), é o maior artilheiro (1091 gols) e o único artilheiro durante nove anos seguidos do Campeonato Paulista, de 1957 até 1965. Um espanto!
Pepe: o “canhão da Vila”, como ficou conhecido, é o maior artilheiro da história do Santos “humano”, como o próprio Pepe diz, já que “Pelé não conta, pois veio de Saturno…” Pepe marcou 405 gols em 750 partidas pelo time paulista, e foi um dos maiores pontas esquerdas do futebol. Foi um dos símbolos do clube de 1954 até 1969, e viveu exatamente todo o período mais glorioso da história do Santos, única camisa que vestiu na carreira. Ganhou ainda as Copas de 1958 e 1962 com o Brasil e é o recordista de títulos do Campeonato Paulista, com 13 canecos.
Edu: Jonas Eduardo Américo chegou ao Santos bem na época em que o time estava caindo de produção, mas jogou ao lado do Rei e fez partidas memoráveis ao lado do craque. Disputou 584 partidas pelo Santos e marcou 183 gols.
Lula (Técnico): considerado um mero coadjuvante em meio a um time de estrelas, muitos diziam que Lula apenas distribuía os uniformes para os jogadores, afinal, todos eles sabiam muito bem o que fazer. Se ele apenas distribuía os uniformes, então fez isso muito bem de 1954 até 1966, pois ganhou 21 títulos com o Santos. Depois de sair do time, foi o técnico que ajudou o Corinthians a vencer depois de 11 anos, adivinhe? O Santos! Mesmo com essa “traição”, é muito lembrado até hoje por todos.
Antoninho (Técnico): foi jogador do próprio Santos e auxiliar de Lula no período de ouro do time. Comandou o Santos de 1966 até 1971, época em que venceu três estaduais, um Torneio Roberto Gomes Pedrosa e outros títulos. Também coadjuvante de luxo do super time.

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