domingo, 26 de julho de 2015

Palmeiras 1998-2000

ESQUADRões do brasil– PALMEIRAS 1998-2000

26/07/2015
Fonte:Imortais do Futebol
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Grandes feitos: Campeão da Copa Libertadores da América (1999), Campeão da Copa Mersosul (1998), Campeão da Copa do Brasil (1998), Campeão da Copa dos Campeões (2000) e Campeão do Torneio Rio-SP (2000).
Time base: Marcos (Velloso); Arce, Júnior Baiano (Cléber), Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério (Galeano), Alex e Zinho; Paulo Nunes (Euller) e Oséas (Evair). Técnico: Luis Felipe Scolari.

“Xodó eterno”
Ao longo de sua quase centenária história o Palmeiras sempre teve equipes mágicas, ofensivas, técnicas e vencedoras. O ostracismo pelo qual o time passa atualmente é totalmente avesso às glórias da equipe e a imponência que o time alviverde sempre teve em campo e fora dele. Porém, de todas as equipes que o Verdão já formou, nenhuma ganhou tanto a simpatia da torcida e teve tanta devoção por parte dos alviverdes quanto o time comandado por Felipão de 1998 até 2000. Uma equipe com raça, técnica, goleadora e vencedora que incorporou como nunca o espírito guerreiro e vibrante necessário para vencer a mais importante e desejada competição da história do clube: a Copa Libertadores da América de 1999. Vencer como o Palmeiras venceu, com muito suor, e ainda eliminando o maior rival no meio do caminho foi épico. Melhor do que isso foi eliminar novamente o maior rival um ano depois, nas semifinais, com direito a pênalti perdido pela maior estrela corintiana: Marcelinho Carioca. Uma pena que o Boca Juniors quis acabar com seu jejum de conquistas da Libertadores justo contra o Verdão naquele ano… Mas os feitos e títulos do último grande Palmeiras ficaram marcados para sempre. E são esses gloriosos momentos que vamos relembrar agora.

Saudades de títulos
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Depois de colocar fim ao jejum de títulos em 1993, o Palmeiras quase sempre ganhava ao menos uma taça por ano. A torcida até brincava com a frase “ano sim, ano não, o Verdão é campeão”. E era mesmo. Depois de ganhar quase tudo em 1993 e 1994, o time ganhou o Campeonato Paulista de 1996 e bateu na trave na Copa do Brasil daquele ano. Em 1997, novamente um quase título no Campeonato Brasileiro, que ficou com o Vasco de Edmundo. Em 1998, o time (já comandado pelo técnico multicampeão no Grêmio Luis Felipe Scolari) queria fazer da temporada o “ano sim” e voltar a levantar uma taça. Com jogadores cerebrais como Alex, Arce e Zinho, um ataque de respeito com Paulo Nunes e Oséas e uma forte e imponente zaga com Cléber e Roque Júnior, o Palmeiras tinha um dos melhores times do país. E tratou de mostrar serviço rapidamente na Copa do Brasil.
Para apagar o vexame
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O Palmeiras estava de volta à competição que ele dera um vexame em 1996, quando perdeu um título certo para o Cruzeiro em pleno Parque Antártica. A torcida ainda não tinha engolido uma equipe com Rivaldo, Cafu, Muller, Velloso e Luizão ter perdido para os mineiros, que nem tinham tantas estrelas como o alviverde. O time começou sua caminhada rumo à conquista de um título inédito ao derrotar o CSA por 1 a 0 e 3 a 0 na primeira fase. Na fase seguinte, após empate em 1 a 1 contra o Ceará, um massacre no jogo de volta: 6 a 0. Nas oitavas de final, derrota por 2 a 1 para o Botafogo, no Rio, e vitória por 1 a 0 em SP, com a classificação garantida pelo critério do gol marcado fora de casa. Nas quartas de final, o time bateu o Sport por 2 a 0 no primeiro jogo e empatou em 1 a 1 no segundo. Na semifinal, os empates em 1 a 1 e 2 a 2 contra o Santos garantiram o Verdão na final pelo critério dos gols fora de casa. Curiosamente, o adversário seria novamente o Cruzeiro. Era hora da vingança.
Passando a história a limpo
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O Cruzeiro vivia um “mar de rosas” por ter conquistado, em 1997, a Copa Libertadores da América. O time já não tinha alguns dos importantes jogadores do ano anterior, mas contava com um bom elenco como Ricardinho, Marcelo Djian, Valdir, Elivélton e o goleador Marcelo Ramos. Já o Palmeiras queria a vingança pela derrota de 1996. No primeiro jogo, no Mineirão, vitória azul por 1 a 0, gol de Fábio Júnior. Na volta, no Morumbi, o Verdão precisava vencer por dois gols de diferença se quisesse comemorar um título inédito. Logo no começo do jogo Paulo Nunes abriu o placar para o Palmeiras: 1 a 0. A equipe atacava constantemente, mas sempre esbarrava na retranca cruzeirense e nas defesas de Paulo César. Quando o jogo estava prestes a ser decidido nos pênaltis (pela primeira vez na história da Copa) Oséas acertou um chute sem ângulo aos 44´do segundo tempo e garantiu o título ao Palmeiras.
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Muita festa no Morumbi! O Palmeiras vencia pela primeira vez a Copa do Brasil e, de quebra, se assegurava na sonhada Copa Libertadores da América de 1999. Férias garantidas em 1998? Que nada!
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Aquecimento continental
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A Europa sempre teve duas competições organizadas e bem estruturadas envolvendo clubes de todo o continente: a Liga dos Campeões da UEFA, composta pela elite do futebol, e a Liga Europa (antiga Copa da UEFA), composta por clubes de médio porte, em sua maioria. Embora algumas equipes façam pouco caso da Liga Europa, vencer a competição traz muito prestígio e é sempre motivo de festa para torcida e jogadores. Já aqui na América do Sul, apenas nos últimos anos é que duas competições continentais passaram a andar de lado a lado: a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana. Antes desta segunda, a sempre atrapalhada Conmebol criou, em 1998, a Copa Mercosul para substituir a extinta Copa Conmebol. A primeira edição do torneio contou com grandes equipes do continente como Cruzeiro, São Paulo, Colo-Colo, Nacional, Independiente, Universidad de Chile, Peñarol, Olimpia, Vélez Sarsfield, Boca Juniors, Flamengo, River Plate, Corinthians, Grêmio e Vasco, além, claro, do Palmeiras. A competição não teve muito apelo midiático muito menos a importância de uma Libertadores, mas pelas equipes participantes, não dava para uma equipe não levar o torneio a sério.
O Palmeiras caiu no grupo B ao lado de Nacional, Independiente e Universidad de Chile. O Verdão não tomou conhecimento de nenhum adversário e venceu todos os seis jogos disputados, com destaque para a goleada de 5 a 0 sobre o Nacional no Uruguai e a vitória por 3 a 0 sobre o Independiente na Argentina. Um show. Classificado, o time alviverde sabia que vencer aquela competição daria um ânimo ainda maior para a batalha do ano seguinte na Libertadores.
Sem medo de ninguém
O Palmeiras encarou o temido Boca Juniors nas quartas de final do torneio e venceu o primeiro jogo por 3 a 1, em SP. Na volta, em La Bombonera, empate em 1 a 1 que garantiu o Verdão nas semifinais. O próximo adversário foi o Olimpia, do Paraguai, que perdeu por 2 a 0 no Parque Antártica (dois gols de Alex) e por 1 a 0 no Paraguai (gol de Oséas). O Palmeiras estava na final. O adversário seria (outra vez!) o Cruzeiro.
Presente de natal
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Cruzeiro e Palmeiras começaram a decidir a Mercosul no dia 16 de dezembro, no Mineirão. Os azuis venceram por 2 a 1 com gols de Marcelo Ramos e Fábio Júnior, com Roque Júnior descontando para o Palmeiras. Um dia depois do natal, o Palmeiras venceu o Cruzeiro por 3 a 1 (gols de Cléber, Oséas e Paulo Nunes) e forçou uma terceira partida (sim, a Conmebol conseguiu voltou ao passado e não instituiu o saldo de gols como critério de desempate…), que seria novamente no Parque Antártica. Com um gol de Arce aos 62´, o Verdão conquistou seu segundo título na temporada, o segundo sobre o Cruzeiro, e dava um baita presente de natal para a sua torcida.
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O ano decisivo
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O Palmeiras ignorou completamente Brasileiro e Paulista (“paulistinha”, segundo Paulo Nunes) e colocou como grande meta do ano de 1999 a Libertadores. Com uma equipe entrosada, fortíssima, e comandada de maneira magistral por Felipão, um verdadeiro torcedor à beira do gramado, o Palmeiras era um dos favoritos ao título. A equipe caiu no Grupo 3 ao lado dos paraguaios Cerro Porteño e Olimpia e do rival brasileiro Corinthians (campeão brasileiro do ano anterior). O Palmeiras se classificou em segundo, atrás do rival. O Verdão perdeu apenas dois jogos (para o Corinthians por 2 a 1 e para o Olimpia por 4 a 2, ambos fora de casa), venceu três jogos (1 a 0 no Corinthians, 5 a 2 e 2 a 1 no Cerro) e empatou um (1 a 1 contra o Olimpia). Era hora dos mata-matas.

Coração no bico da chuteira
O Palmeiras não teve vida fácil na segunda fase da Libertadores de 1999. Pelo contrário: encarou apenas adversários dificílimos que serviram para testar se aquele grupo estava mesmo pronto para conquistar a América. E como estava! Nas oitavas de final, o Verdão encarou o então campeão continental Vasco. No primeiro jogo, no Rio, empate em 1 a 1. Na volta, um show do ataque palmeirense e vitória por 4 a 2. A equipe estava nas quartas de final, onde enfrentaria, de novo, o maior rival: o Corinthians.
Equilíbrio puro e classificação
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Os duelos entre Corinthians e Palmeiras tiveram, claro, muita catimba, jogo duro, provocações e todos os ingredientes necessários em uma partida eliminatória. Após dois jogos e duas vitórias para cada lado pelo mesmo placar (2 a 0) a classificação seria decidida nos pênaltis. Foi nela que brilhou a estrela de Marcos, que logo passaria a ser chamado de “São Marcos”. O goleirão, então desconhecido perto do titular Velloso, defendeu a cobrança de Vampeta, contou com a sorte na bola na trave de Dinei, e garantiu a vitória por 4 a 2 e a classificação às semifinais. Era a dose de entusiasmo que o Verdão precisava para continuar na disputa pelo cobiçado título.
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Jogo épico antes das decisões
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O Palmeiras que estava na Libertadores também disputava a Copa do Brasil de 1999, diferente dos dias de hoje, em que uma equipe na Libertadores não disputa o torneio nacional. O time encarou o Flamengo nas quartas de final e precisava da vitória, pois havia perdido o primeiro jogo por 2 a 1. Mas o Palmeiras perdia novamente o segundo jogo por 2 a 1 e estava dando adeus à competição. Até que o improvável aconteceu. O time empatou logo após o segundo gol flamenguista e virou de maneira épica nos últimos minutos do confronto, com dois gols de Euller: 4 a 2. Essa vitória é considerada histórica pelos torcedores até hoje pela dose absurda de dramaticidade e também por ser a síntese do que foi a equipe na era Felipão. Pena que o time seria eliminado nas semifinais para o Botafogo.
Na final!
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O Palmeiras encarou mais uma pedreira no caminho até a final da Libertadores: o River Plate, da Argentina. No primeiro jogo, em Buenos Aires, vitória dos “hermanos” por 1 a 0. Na volta, em SP, o Verdão não tomou conhecimento dos argentinos e venceu por acapachantes 3 a 0. O time chegava à final da competição. Era a hora da tão sonhada batalha pela Libertadores.
O Verdão de 1999: como nos tempos do Grêmio, Felipão construiu uma equipe competitiva ao extremo, forte nas laterais e letal nos contra-ataques.
O Verdão de 1999: como nos tempos do Grêmio, Felipão construiu uma equipe competitiva ao extremo, forte nas laterais e letal nos contra-ataques.

Haja coração!
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Por ter melhor campanha que o rival na decisão, o Deportivo Cali, da Colômbia, o Palmeiras iria fazer o segundo jogo da final em casa. Na primeira partida, em Cali, muita pressão dos mais de 37 mil torcedores do Deportivo, que ajudaram a equipe a vencer os comandados de Felipão por 1 a 0, gol do artilheiro Bonilla. Na volta, o Palestra Itália estava transbordando de alviverdes que viam ali a maior chance da história para o Palmeiras conquistar, enfim, sua primeira Libertadores. A equipe jogou completinha e tinindo com Marcos, Arce, Júnior Baiano, Roque Júnior, Júnior, César Sampaio, Rogério, Alex, Zinho, Paulo Nunes e Oséas. Era um timaço, que ainda contava com Euller, Evair, Galeano e Cléber no banco de reservas. O Deportivo não tinha uma grande equipe e contava mais com a empolgação e determinação do que com a habilidade. O Palmeiras tentou impor seu ritmo logo no início, mas o time colombiano, com a vantagem, não se arriscava no ataque. Depois de tanta pressão, coube ao talismã Evair abrir o placar aos 65´, de pênalti. Cinco minutos depois, um susto. Pênalti para o Deportivo e gol de Zapata. A torcida temia pelo pior, mas Oséas, aos 76´, deixou o Palmeiras na frente. O placar permaneceu assim até o final: 2 a 1. A decisão seria nos pênaltis.
Campeããããão!
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Nas penalidades, todos confiavam no goleirão Marcos para que o Palmeiras se saísse bem. Mas a torcida levou um susto com o erro de Zinho na primeira cobrança do Verdão. Os três primeiros batedores do Deportivo acertaram, e os dois seguintes do Palmeiras também. Foi então que a noite palmeirense começou a brilhar com o chute na trave de Bedoya. Rogério e Euller anotaram para o Palmeiras. A última cobrança era do Deportivo. Se Zapata fizesse, começariam as cobranças alternadas. Se errasse, a Libertadores ficaria pela terceira vez seguida no Brasil (Cruzeiro, em 1997, e Vasco, em 1998, eram os campeões anteriores). Zapata correu… Bateu… Pra fora! O Palestra Itália quase veio abaixo! Palmeiras campeão da América pela primeira vez! Era a coroação definitiva de uma equipe aguerrida, técnica, imponente e mágica, que fazia jus ao hino do clube letra por letra, estrofe por estrofe.
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Era uma noite especial, também, para Felipão, que conquistava sua segunda Libertadores na carreira (a primeira havia sido em 1995, com o Grêmio). Ninguém podia com o Verdão. Era hora de se preparar para o Mundial, em dezembro, no Japão.
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Shows e gols
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Antes de partir para o Japão em busca do título Mundial contra o Manchester United, o Palmeiras disputou a decisão do Campeonato Paulista, jogou o Brasileiro e a Copa Mercosul. No paulista, derrota para o Corinthians em uma tumultuada final com direito a embaixadinha de Edílson e muita confusão. No Brasileiro, uma saborosa goleada por 4 a 1 sobre o maior rival e alguns bons momentos, mas que não foram suficientes para levar a equipe à final. Na Copa Mercosul, o Verdão fez uma partida memorável contra o sempre chato Cruzeiro ao fazer 7 a 3 no primeiro jogo das quartas de final, num show épico com 10 gols. O time chegou até a final, mas perdeu para o Flamengo por 4 a 3 no primeiro jogo e empatou o segundo em 3 a 3, dando adeus ao sonho do bicampeonato da competição. O carrasco do Palmeiras foi o atacante Caio, que desencantou ao marcar dois gols no primeiro jogo e mais um no segundo. Depois das derrotas, era hora de se concentrar para a partida mais importante na história do clube.
Dolorosa derrota
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O Palmeiras embarcou para Tóquio com todas as suas estrelas e crente de que poderia conquistar o título mundial. Pesava a favor da equipe o certo desprezo que os europeus tinham com relação ao Mundial Interclubes, que na época não era organizado pela FIFA. Porém, o fator negativo era que desde 1994 um time da América não vencia o torneio (o último havia sido o Vélez, ao bater o Milan). Desde então, somente europeus levavam o caneco. O último fator de destaque (negativo, diga-se de passagem) era que o rival do Verdão, o Manchester United, tinha um esquadrão de respeito. O time inglês contava com jogadores renomados como Giggs, Scholes, Roy Keane, Beckham, Solskaer, Yorke, Neville e Stam. Nervoso e irreconhecível, o Palmeiras não foi sombra do que a torcida estava acostumada a ver. A equipe perdeu por 1 a 0, gol de Keane após falha de Marcos, e viu ruir o sonho do título mundial. Para o Manchester, era a conquista do primeiro título intercontinental da equipe, que havia perdido na década de 60 para o Estudiantes, da Argentina.
Ano novo, mesmas ambições
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O Palmeiras entrou no ano 2000 abalado pela perda do título mundial, mas confiante no bicampeonato da Libertadores. A equipe foi líder em seu grupo na fase inicial com três vitórias, um empate e duas derrotas. Nas oitavas de final, o time eliminou o Peñarol nos pênaltis após derrota no primeiro jogo por 2 a 0 e vitória em casa por 3 a 1. Nas quartas de final, duas vitórias sobre os mexicanos do Atlas por 2 a 0 e 3 a 2. Vaga na semifinal garantida. O adversário seria, de novo, o Corinthians.
A mais deliciosa vitória
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O palmeirense, em 2000, parece nem ter ligado para o revés na final da Libertadores. A vitória para cima do rival Corinthians foi muito maior e muito mais comemorada. As equipes protagonizaram dois jogos sensacionais e disputadíssimos. Na primeira partida, vitória do Corinthians por 4 a 3. No jogo seguinte, duas viradas e vitória do Palmeiras por 3 a 2. Novamente, o jogo foi para os pênaltis, como em 1999. As estrelas, todos pensavam, seriam Dida e Marcos, goleiros exímios pegadores de pênalti. Mas os cobradores deram show. Todos foram convertendo suas cobranças até o placar apontar 5 a 4 para o Palmeiras.  O Corinthians ainda tinha a última cobrança, com a estrela Marcelinho. Se ele fizesse, cobranças alternadas. Se errasse, Palmeiras na final. Foi então que o “pé de anjo” partiu, bateu… E… Marcos defendeu! Épico! O Palmeiras eliminava pelo segundo ano consecutivo seu maior rival da Libertadores! Pelo segundo ano consecutivo nos pênaltis! E pelo segundo ano consecutivo com Marcos sendo o herói. O torcedor palmeirense era o mais feliz do universo naquele dia 6 de junho de 2000. Quem poderia esfriar tanta empolgação daquele time e daquela torcida?
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E os pênaltis viraram inimigo…
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Na final da Libertadores de 2000 o Palmeiras encarou o fortíssimo Boca Juniors de Carlos Bianchi, que tinha no elenco talentos como Córdoba, Ibarra, Samuel (isso, aquele mesmo da Internazionale), Battaglia, Riquelme, Schelotto, Palermo, Burdisso e Gimenez. Era um timaço que estava determinado a acabar com o jejum de 22 anos sem uma conquista de Libertadores. Como não poderia deixar de ser, o duelo entre brasileiros e argentinos foi cheio de emoção. No primeiro jogo, em La Bombonera, empate em 2 a 2. Na volta, no Morumbi, novo empate, dessa vez sem gols, que levou a decisão para os pênaltis. A torcida esperava mais um show de Marcos, mas o show ficou por conta dos batedores do Boca, que anotaram todas as suas cobranças. Asprilla e Roque Júnior perderam e o Palmeiras viu o Boca comemorar sua terceira Libertadores no Brasil com a vitória por 4 a 2. Começaria ali, naquela derrota, o início de muitos dramas para o Verdão, que perderia tal apelido muito em breve.
O fim
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Depois da derrota para o Boca, o Palmeiras ainda chegou a mais uma final de Copa Mercosul, outra vez contra uma equipe carioca (o Vasco). E foi nessa decisão que o time perdeu seu título mais ganho da história. O Palmeiras vencia o Vasco por 3 a 0 apenas no primeiro tempo. A torcida já gritava “é campeão” quando Romário, Viola e Juninho Paulista comandaram uma das maiores reações da história do futebol brasileiro, que terminou com vitória vascaína por 4 a 3 em pleno Palestra Itália. Era mais um drama em um ano para esquecer. O Palmeiras só venceu os inexpressivos Torneio Rio-SP e a Copa dos Campeões. A partir dali o time nunca mais voltou a ser o mesmo, perdeu o técnico Felipão para a seleção brasileira, perdeu a parceria com a Parmalat, viu seus principais jogadores irem embora e chegou ao fundo do poço em 2002 com o rebaixamento para a série B do Campeonato Brasileiro. Desde 1999 o Palmeiras não vence um título de expressão. A torcida ainda está órfã do esquadrão de Alex, Zinho, Arce, César Sampaio, Júnior, Marcos, Paulo Nunes e Oséas. As façanhas e o título da Libertadores permanecem como a última grande lembrança da última era de ouro do time. Pode ser que a equipe volte a brilhar este ano, novamente sob o comando de Felipão, na Copa do Brasil, mas ainda está longe de ter a eficiência, a competitividade, a raça e a vibração daquele Palmeiras 1998-2000. Um time imortal.
Os personagens:
Marcos: foi na Libertadores de 1999 que Marcos começou a construir sua “santidade”. Com defesas épicas e atuações memoráveis contra o Corinthians e contra o Deportivo Cali, o goleiro se tornou titular absoluto e ídolo da torcida. Foram as atuações desse período que o fizeram titular, também, da seleção brasileira pentacampeã mundial em 2002. É um mito no clube e figura eterna no coração do torcedor. Além, claro, de ser um fantasma que ainda ronda os pesadelos dos corintianos…
Velloso: era o titular do gol do Verdão até se contundir em 1999 e ver Marcos abocanhar a meta do time. Teve papel fundamental nas conquistas de 1998 e em muitas outras na década de 90. Muito querido no clube até hoje.
Arce: o ótimo lateral paraguaio já havia feito história no Grêmio de Felipão quando desembarcou no Palmeiras para continuar a fazer história e a ganhar títulos. Foi a referência na lateral direita da equipe e a precisão nas bolas paradas (ao lado de Alex) e cruzamentos. Outro ídolo da torcida.
Júnior Baiano: o zagueiro irreverente foi lapidado ainda nos tempos em que jogava pelo São Paulo, pelo técnico Telê Santana. No Verdão, fez uma ótima dupla com Roque Júnior e ainda marcava uns gols de cabeça. Não era técnico e as vezes se atrapalhava com a bola, mas fez sua parte quando preciso.
Cléber: o zagueirão perdeu a titularidade depois dos títulos de 1998 e viu Júnior Baiano assumir a posição. Mesmo assim, teve importância por ser um dos mais experientes do grupo e ajudar nos momentos decisivos.
Roque Júnior: jogou demais sob o comando de Felipão e foi titular, inclusive, na seleção brasileira. Embora tivesse ressalvas por parte de muitos torcedores, fez partidas memoráveis. Ficou manchado, porém, pelo pênalti perdido na decisão da Libertadores de 2000.
Júnior: voou, literalmente, na lateral esquerda do Palmeiras. Preciso no apoio ao ataque e também no suporte à defesa, foi figura certa no time campeão da América. Brilhou, anos depois, no São Paulo, também campeão da Libertadores.
César Sampaio: foi o grande capitão do Palmeiras campeão da Libertadores e viveu seu auge na carreira como volante do Verdão. Seguro, técnico e uma das vozes do time em campo, transmitia entusiasmo e ânimo a todos. Carismático, conquistou a torcida e fez jogos incríveis. Hoje, é dirigente do clube.
Rogério: antes de ficar marcado negativamente por ter levado as pedaladas de Robinho em 2002, jogando pelo Corinthians, Rogério foi um dos grandes meio-campistas daquele Palmeiras supercampeão. Esbanjava raça e auxiliava Alex e Zinho no apoio ao ataque.
Galeano: foi titular um bom tempo no time, mas acabou perdendo espaço pelo bom futebol de Rogério. Mesmo assim, foi um dos símbolos do Palmeiras por sua raça e amor ao clube. Ganhou muitos títulos na equipe.
Alex: genial com a bola nos pés, Alex fazia partidas cerebrais e de um craque do mais alto padrão quando estava a fim de jogar. Quando estava em seus dias “sonolentos”, deixava a torcida em pânico. Mas o craque foi preciso quando mais se precisou dele, principalmente nos títulos da Copa Mercosul de 1998 e da Libertadores de 1999.
Zinho: experiente, trouxe a cadência e a visão de jogo necessárias para o meio de campo do Verdão “tinir”. Fez uma dupla memorável com Alex e foi titular absoluto da equipe. Um dos grandes jogadores da equipe no período.
Paulo Nunes: era a alegria no time do Palmeiras. Folclórico e sempre polêmico, adorava comemorar gols utilizando máscaras, fazendo dançinhas e principalmente zuando o Corinthians. Era matador e anotou muitos gols importantíssimos para os títulos do Palmeiras no período. Outro jogador muito amigo de Felipão desde os tempos de Grêmio.
Euller: o “filho do vento” colocava fogo no jogo quando entrava em campo, sempre no segundo tempo. O atacante corria, dava passes, arrancadas e ainda marcava gols fundamentais para o Palmeiras despachar os adversários. Foi um dos xodós da torcida e essencial na Libertadores.
Oséas: não era habilidoso, mas compensava com o oportunismo e a precisão nas jogadas aéreas. Marcou vários gols pelo Verdão em 1998 e 1999 e foi um dos heróis na Libertadores. Muito lembrado até hoje.
Evair: o atacante é um dos poucos a ter tantos títulos e a participar de duas grandes épocas de um clube, seu querido Palmeiras. Depois de arrasar no começo da década de 90, Evair voltou ao time para ajudar na conquista da Libertadores de 1999. Talismã, Evair marcava gols nos momentos finais e sempre na base do oportunismo. É um dos maiores ídolos do clube.
Luis Felipe Scolari (Técnico): a passagem atual de Felipão no comando do Palmeiras não é das melhores, mas o que vale foi a sua primeira. O técnico deu ao Palmeiras o maior título de sua história e construiu uma equipe de brio, competitiva ao extremo e muito raçuda. Dava gosto ver o Palmeiras jogar e se entregar em campo, algo bem diferente dos dias atuais. Seus feitos são impagáveis e fazem dele um dos maiores treinadores da história do clube. Foi genial.

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